Imaginem uma arena onde combatem em pé de igualdade agentes do bem e agentes do mal. Caso algum elemento estranho venha a favorecer os elementos do mal, será preciso uma ajuda extra para que os agentes do bem venham a equilibrar o combate.
Essa imagem simplificada ajuda a ilustrar a relação que se dá entre as bactérias do "bem" e as bactérias do "mal" dentro do nosso intestino. É uma batalha que envolve milhares de combatentes presentes na flora intestinal. Estima-se que existam em nosso intestino 400 espécies de bactérias diferentes, que se fossem pesadas significariam um quilo e meio. São divididas entre as patogênicas - que provocam doenças - e as benéficas, que ajudam a equilibrar as mucosas do intestino, evitando diarréias, constipação e doenças mais graves que podem chegar ao câncer.
Quando, por alguma razão, seja pelo uso de medicamento, de quimioterapia, seja por deficiencia na alimentação, as bactérias do mal começam a ganhar a luta, é hora de entrar com uma ajuda extra. Esta ajuda é hoje possível graças ao emprego adequado de alimentos probióticos e prebióticos.
Os últimos, os prebióticos, são alguns tipos de fibras alimentares, que possuem uma configuração molecular que os torna resistentes à ação de enzimas e por isso são digeríveis pelo organismo. Com isso, facilitam todo o trânsito intestinal, reduzindo os desconfortos e mesmo doenças que atingem pelo menos 30% ou mais da população. Os probióticos são microorganismos adicionados a certos alimentos - leites e iogurtes, especialmente - que reforçam a ação das bactérias benéficas e reduzem a ação das patogênicas. Já os alimentos simbióticos são aqueles que reúnem numa única fórmula a ação e os benefícios dos prebióticos e dos probióticos.
Microrganismos que "moram" no intestino
O trato gastrointestinal humano e a microflora intestinal estão envolvidos em uma série de doenças. O intestino grosso é o principal local de multiplicação de bactérias, virus e parasitas nocivos, os quais podem trazer doenças para o nosso organismo. Os principais microrganismos nocivos incluem Campylobacters, Salmonellae, Listeriae e certas linhagens de Escherichia coli. O resultado de um supercrescimento dessas bactérias pode ser uma diarréia aguda. Há, contudo, outras formas mais crônicas e graves de doenças intestinais, tais como a doença inflamatória do intestino, como a colite ulcerativa e a doença de Crohn, o câncer de cólon e a colite pseudomembranosa. Cada uma dessas desordens pode ter uma etiologia bacteriana.
Estima-se que cerca de 400 espécies de bactérias, separadas em 2 categorias, habitem o trato gastrintestinal humano. Aquelas consideradas benéficas como as bifidobactérias e os lactobacilos. E aquelas consideradas prejudiciais, nocivas, como as Enterobacteriaceae e o Clostridium spp.
O epitélio intestinal intacto, com sua microflora intestinal normal, funciona como uma barreira ao movimento de bactérias patogênicas, antígenos e outras substâncias nocivas ao intestino. Em pessoas saudáveis, essa barreira é estável, protegendo e facilitando as funções intestinais normais. Entretanto, quando a microflora normal ou as células epiteliais são perturbadas por antígenos alimentares, patógenos, substâncias químicas ou radiação, podem ocorrer defeitos nos mecanismos de proteção da barreira. A microflora intestinal alterada pode levar à diarréia, à inflamação da mucosa, a uma desordem de permeabilidade ou à ativação de carcinógenos, substâncias que provocam o câncer no conteúdo intestinal. É aí que entram os alimentos probióticos, com a função de equilibrar a flora bacteriana do intestino, promovendo saúde para as pessoas ao diminuir os riscos de doenças intestinais.
O que são Probióticos:
A definição clássica, empregada hoje, é a de que os probióticos são alimentos contendo microrganismos vivos que beneficiam a saúde do homem, melhorando seu balanço microbiano intestinal. Os probióticos têm sido usados há algum tempo e estão disponíveis em poucos produtos alimentares, como leites fermentados e alguns tipos de iogurtes. As exigências que um microrganismo probiótico deve atender são: resistência ao ambiente estomacal, à bile e às enzimas pancreáticas; adesão às células da mucosa intestinal; capacidade de colonização; produção de substâncias antimicrobianas contra as bactérias patogênicas e ausência de translocação. Entre os probióticos, dois grandes grupos microbianos foram particularmente estudados em termos experimentais e clínicos e são comercializados: as bactérias lácticas e as leveduras.
Os principais alimentos probióticos são os leites e seus derivados, como os fermentados, os iogurtes, os queijos etc.. Para obter efeitos melhores na flora intestinal com o uso de probióticos, vale a pena combinar a ingestão desses alimentos em uma dieta diária que contenha alcachofra, cebola, banana, aspargo ou chicória. Esses alimentos são chamados de prebióticos e tornam o ambiente intestinal mais ácido, protegendo-o contra bactérias patogênicas.
A importância dos Prebióticos:
Apenas para lembrar, os prebióticos são alguns tipos de fibras alimentares resistentes à ação das enzimas, graças à sua configuração molecular. Significa que essas fibras passam intactas pelo nosso organismo, o que pode parecer que sejam inúteis. Não são. Por serem carboidratos não digeríveis, elas ajudam na manutenção da flora do intestino, estimulam o trânsito intestinal e contribuem com a consistência normal das fezes, prevenindo diarréias e prisão de ventre.
Também colaboram para que sejam absorvidas pelo intestino as substâncias necessárias, eliminando o excesso de glicose, colesterol e triglicerídeos. Na sua ação conjunta com os probióticos, as fibras estimulam o crescimento das bifidobactérias, reduzindo a atividade das bactérias patogênicas.
Os prebióticos podem incluir féculas, fibras dietéticas, outros açúcares não absorvíveis, álcoois do açúcar e oligossacarídeos, que, são encontrados de forma natural em vários alimentos como frutas, vegetais, leite, mel, tomate, aveia, trigo, entre outros.
Alerta sobre as Bifidobactérias:
estudos mostram que acima dos 55 anos de idade a contagem de bifidobactérias fecais (microrganismos benéficos ao nosso intestino) diminui de forma marcante em comparação aos níveis presentes em pessoas mais jovens. A causa dessa diminuição pode trazer consequencias como as doenças relacionadas ao intestino. O uso de probióticos é uma possibilidade de se reverter o número de bifidobactérias, o que significa um benefício ainda maior para as pessoas a partir dos 55 anos.
Fonte: Alimentos Inteligentes - Saiba como ter mais saúde por meio da alimentação.
Dra. Jocelem Mastrodi Salgado - Perquisadora e Professora Titular em Nutrição - Esalq - USP
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