segunda-feira, 30 de julho de 2012

Dieta mediterrânea à brasileira



Clima e posição geográfica de países como Grécia, Espanha, Itália, Marrocos, Tunísia e França, fazem com que esses países do mediterrâneo consigam produzir frutas e verduras de excelente qualidade - elas amadurecem sem umidade e preservam uma grande intensidade de cores e aromas.
Esta união de vários tipos de culinária tem muito em comum, o consumo frequente de leite e seus derivados, peixe; e, claro, o uso do azeite de oliva.

A dieta desses países também é conhecida pelo alto consumo de frutas, hortaliças (verduras e legumes), cereais, leguminosas (grão-de-bico, lentilha), oleaginosas (amêndoas, azeitonas, nozes), peixes e vinhos. O resultado dessa combinação de sabores faz com que seus habitantes desenvolvam menos doenças e vivam mais.

A grande diferença entre a dieta mediterrânea e a nossa está no baixo consumo de carnes vermelhas, gorduras de origem animal, produtos industrializados e doces (ricos em gordura e açúcar).
Um estudo apresentado durante o encontro anual da American Society for Reproductive Medicine, nos Estados Unidos, comprovou que a dieta adotada pelas mulheres de países da região do mar Mediterrâneo garante não apenas melhor qualidade de vida, mas também aumenta as chances de sucesso no tratamento de ovários policísticos e de gravidez.
"A dieta do Mediterrâneo sempre foi associada à vida longa. Ela orienta as pessoas a consumirem mais vegetais, legumes, cereais integrais, sementes, óleos nobres, queijos e iogurtes. Além disso, alguns alimentos são ‘obrigatórios’: tomate, alho, maçã, nozes e vinho. Isso tudo acompanhado de exercícios moderados, mas regulares. A caminhada de meia hora todos os dias é uma grande aliada desse processo de recuperação da saúde", diz Silvana Chedid, especialista brasileira em Reprodução Humana.
Uma nova dieta mediterrânea abrasileirada, que substitui atum, castanhas e azeite extravirgem por alimentos baratos e acessíveis no país, como sardinha, milho, sopa de feijão e tapioca.  Esse é o projeto do HCor (Hospital do Coração), em parceria com o Ministério da Saúde.
A ideia é lançar no país uma dieta com alimentos de baixo custo e presentes na rotina dos brasileiros para a prevenção de doenças cardiovasculares em pessoas que já tiveram infarto ou derrame ou que correm maior risco de sofrê-los por causa de hipertensão e colesterol alto.
Da primeira fase do projeto, que avaliou a efetividade da dieta, participaram 120 pessoas cardíacas do Rio de Janeiro e de seis cidades de São Paulo (incluindo a capital), durante oito semanas.
Metade recebeu as orientações de praxe que são dadas após um evento cardiovascular, como diminuir a quantidade de gorduras saturadas (presentes na carne vermelha, por exemplo).
A outra metade seguiu o material educativo e o cardápio do projeto, os quais classificam os alimentos com as cores da bandeira nacional: verde, amarelo e azul.
A escolha não é à toa: os participantes foram instruídos a montar os pratos de acordo com a predominância dessas cores na bandeira.
Ou seja, a dieta recomenda ter maior quantidade de alimentos verdes (ricos em vitaminas, minerais e fibras), menor proporção de alimentos amarelos (com quantidade considerável de gordura saturada) e uma quantidade menor ainda de alimentos azuis, que contêm mais gordura, sal e açúcar.
"Usamos um aspecto lúdico e critérios factíveis para facilitar a adesão à dieta.  Independentemente do grau de instrução, a pessoa vai identificar o que é bom e qual a quantidade indicada", diz Bernardete Weber, coordenadora da pesquisa do HCor.
Ela afirma que, se os alimentos recomendados forem muito diferentes do que a pessoa come normalmente, é difícil aderir às mudanças.

Resultados:
Segundo ela, os níveis de colesterol dos participantes que seguiram a dieta cardio protetora diminuíram.
Weber cita outro resultado positivo: os pacientes também perderam peso, já que as dietas e as quantidades das calorias diárias foram adequadas para pacientes com sobrepeso ou obesidade.
A segunda fase do estudo é mais ambiciosa: vai envolver cerca de 2.000 pessoas em todo o país, e, mais importante, vai elaborar diferentes dietas respeitando as variações regionais de cada Estado.
Segundo Weber, isso pode incluir castanhas do Norte, suco de uva do Sul e feijão-verde no Nordeste.
Os participantes não serão apenas cardiopatas, mas também pessoas com risco maior de ter um problema cardíaco.


Alimentos Verdes: Ricos em vitaminas e fibras devem ser consumidos em maior quantidade



Amarelos: com gordura saturada, sal e açúcar; sua quantidade deve ser moderada


Azuis: com muita gordura, sal e açúcar, devem ser consumidos em pouca quantidade


Para a dieta mediterrânea abrasileirada temos uma sugestão de cardápio diário:*

Café da manhã/lanche
1 xícara de chá de leite desnatado ou 1 unidade de tapioca sem recheio ou 1 unidade média de maçã, banana ou laranja.
1 pão francês integral/1/2 pão francês ou 2 fatias de pão de forma integral/1 fatia de pão de forma branco ou 2 colheres de sopa de mingau de aveia sem açúcar.
1 colher de chá de açúcar ou 2 colheres de chá de achocolatado ou capuccino em pó ou 2 colheres de geleia caseira de frutas ou mel.

Almoço e Jantar
4 colheres de sopa de vegetais cozidos ou 4 colheres de sopa de vegetais crus.
4 colheres de sopa de arroz ou batata ou mandioca ou macarrão ou massa de milho (polenta) ou 4 colheres de sopa de feijão ou ervilha ou soja ou grão de bico.
1 bife de carne vermelha pequeno ou 1 filé de peixe médio ou atum e sardinha enlatada imersos em água, não óleo.

Alimentos não recomendados:
> Sorvete (massa ou picolé) 
> Chocolate ao leite ou recheado
> Balas, doces e bolos industrializados
> Salgadinhos de pacote
> Biscoito recheado
> Refrigerante e suco industrializado com açúcar
> Molhos industrializados (ketchup, mostarda, maionese)
> Carnes processadas (nuggets, salsicha, hambúrger, sticks de peixe)
> Sopa industrializada
> Alimentos embutidos ou industrializados

*Exemplo de alimentos da dieta elaborada pelo HCor

Matéria retirada da "FOLHA DE SÃO PAULO" Caderno Saúde do dia 2 de julho de 2012

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